O Ministério Público do Estado (MPCE) apresentou nesta segunda-feira
(14) a sétima denúncia no âmbito da Operação Casa de Palha, deflagrada
em abril deste ano, que investiga a existência de crimes em licitações,
dentro outros ilícitos, na Prefeitura e na Câmara Municipal de Quixadá,
no Sertão Central cearense.
Mais uma vez foi denunciado o vereador e presidente da Câmara Municipal de Quixadá, Francisco Ivan Benício de Sá . Também foi citada Alcineide de Lima Rabelo, que exercia atividades informais no gabinete do deputado estadual Osmar Baquit.
A investigação
Durante as interceptações telefônicas realizadas no âmbito da “Casa de Palha”, em
23 de abril de 2019, véspera da deflagração da primeira etapa da
referida Operação, foram captadas ligações telefônicas em que o MPCE
constatou fortes indícios de esquema fraudulento de utilização de
declarações falsas de comparecimento à Assembleia Legislativa para o
recebimento indevido de diárias por parte de Francisco Ivan junto à
Câmara.
Na investigação, ficou demonstrado que Francisco Ivan sequer saiu da
cidade de Quixadá em 5 de fevereiro deste ano, apesar de ter sido
declarado por Alcineide Rabelo que ele estaria na Assembleia naquele dia
para tratar do projeto do calçamento para o distrito Várzea da Onça, de
Quixadá.
“Conforme se vê, a certidão emitida pela Sra. Alcineide de Lima
Rabelo, servidora de fato na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará,
lotada no gabinete do Deputado Osmar Baquit, é ideologicamente falsa e
foi utilizada para propiciar o recebimento indevido de diárias por
Francisco Ivan Benício de Sá”, detalha a denúncia do MP.
Além disso, em áudio, Francisco Ivan determinou a Antônio Almeida
Viana, chefe de gabinete da Câmara, que fosse à Assembleia Legislativa,
mais especificamente no gabinete do deputado Osmar Baquit, para pegar
certidões comprovando o comparecimento do presidente da Câmara em 8 e 16
de abril deste ano.
Esses documentos específicos não foram apreendidos, pois estavam,
supostamente, em poder de Antônio Almeida, que não foi alvo de busca e
apreensão em 24 de abril de 2019, quando ocorreu a execução dos mandados
de prisão e de busca e apreensão; a prisão preventiva de Francisco
Ivan; bem como o afastamento dele do cargo de vereador e de presidente
da Câmara, situação que perdura até a presente data.
A mesma forma de agir repetiu-se em outras datas. Francisco Ivan
Benício de Sá solicitou e recebeu pagamentos de diárias utilizando-se de
declarações inverídicas de comparecimento à Assembleia Legislativa. Por
meio da análise dos registros do terminal telefônico utilizado por
Francisco Ivan, foi demonstrado que, nas datas apontadas na denúncia,
ele sequer se deslocou à Fortaleza.
Em todas as denúncias, o Ministério Público solicitou o levantamento
do sigilo dos autos, incluindo os áudios das interceptações telefônicas,
bem como o compartilhamento com a Câmara de Vereadores de Quixadá para
fins de eventual apuração dos atos do vereador e presidente da Câmara,
Francisco Ivan Benício de Sá. Os membros do MPCE ressaltam que a análise
do material apreendido ainda está em andamento e que outras denúncias
poderão ser oferecidas em breve.
CN7