Conheça Dona Dalvani, a ‘médica’ das bonecas; ‘Não há fita métrica que meça minha felicidade’ em Barbalha

Blog do  Amaury Alencar
Neste sábado, 12 de outubro, é celebrado o Dia das Crianças, uma das datas comemorativas mais famosas e animadas do ano.

 Conheça Dona Dalvani, a ‘médica’ das bonecas; ‘Não há fita métrica que meça minha felicidade’


 Assim como muitos pais e parentes costumam presentear as crianças com brinquedos e guloseimas, muitas delas se apegam a estes objetos, as vezes por toda uma vida. De forma singela, uma senhora em Barbalha dá vida a bonecas de todos os tipos, costurando e bordando brinquedos e dando alegria para a criançada.


Dalvani de Oliveira, de 69 anos, é conhecida por muitos como  “parteira” ou “médica” das bonecas. Segundo ela, começou a bordar e conserta-las ainda jovem, quando fazia trabalhos de costura junto com sua mãe, Dona Alzira. Ela morava no bairro Pinto Madeira, em Crato, e depois mudou-se para Barbalha.
“Costurava com trabalhos manuais ainda criança, com máquina de pedal. Usava a maquina da minha mãe, e logo depois comecei a fazer trabalhos por conta própria. Antes fazia roupas e bordados, mas depois que comecei a costurar roupas de criança, comecei também a fazer roupas para bonecas. Desde então fui mudando de tática e me aperfeiçoei nisso”, conta Dona Dalvani.
Após casar-se e vir morar em Barbalha, sua mãe vinha muitas vezes deixar bonecas para que ela pudesse as consertar ou fazer roupas. “Já fiz muita roupa para bonecas, inclusive para filhas de pessoas importantes do Crato. Fazia de todo tipo. Hoje elas estão espalhadas pelo Brasil todo, com o boca a boca as pessoas vão conhecendo e vindo me procurar”, afirma.
Ela conta que a inspiração para fazer as peças sai na hora, mas também pode fazer a partir dos pedidos do cliente. Dona Dalvani cria roupas a partir de retalhos ou tecidos, e segundo ela, sempre dá um jeitinho para as peças saírem no gosto da criança. “Boa parte das bonecas que recebo são encomendas, eles dizem como querem ou mostram o modelo, e eu faço”, diz a senhora.
Segundo ela, as bonecas podem ter custo e tempo de trabalho a depender do estado da peça. “Pode levar uma hora ou um dia, vai depender do estado em que a boneca se encontre”, explica.
Conhecida como a cirurgiã de brinquedos, ela explica que muitas vezes recebe bonecas para fazer “transplante” de uma perna, um braço ou cabeça. Muitas delas vem muito desgastadas ou sem condições de servir como brinquedo, mas que ela consegue dar nova vida.
“Vou fazendo essas cirurgias e dando nova vida as minhas ‘meninas’. Acabou se tornando uma terapia para mim”
Recentemente Donda Dalvani passou por problemas de saúde que vieram a inviabilizar o trabalho por cerca de seis meses, inclusive fazendo com que ela desenvolvesse quadro depressivo. Ela contou que com ajuda das crianças que a visitam e das filhas (biológicas) conseguiu reverter o quadro, e voltar a confeccionar as roupinhas e cuidar de suas “filhas”.
“Se não fossem elas [as crianças], talvez eu tivesse abandonado tudo. Eu faço hoje com muita alegria tudo isso. O retorno financeiro é suficiente para comprar remédios e outras coisinhas, para não depender de ninguém. Ainda sinto algumas dores, mas vou levando a vida com felicidade por fazer o que gosto. Não tem fita métrica para medir a minha felicidade”, completa.
Questionada se um dia iria se aposentar da missão com as bonecas, ela já afirma “Jamais. Meu trabalho é por tempo indeterminado e vai até onde eu puder fazer”. Dona Dalvani tem hoje três filhos, oito netos e um bisneto. Na oportunidade, ela contou que quando criança só ganhou uma boneca, mas que ela era apenas um enfeite e não podia brincar com ela. Hoje se depara com um acervo variado que ela considera como filhas. Suas netas, inclusive, tem todas as bonecas personalizadas pela avó.


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