Agendada para hoje, às 11 horas, a primeira
visita de Jair Bolsonaro (PSL) à Bahia depois das eleições de 2018
marca também mais um episódio de desgaste entre o presidente e
governadores do Nordeste. Agora, com o chefe do Executivo estadual
baiano, Rui Costa (PT), que desistiu de participar de evento de
inauguração do Aeroporto Glauber Rocha ao lado do pesselista.
Em entrevista ao O POVO, Costa acusou Bolsonaro de
transformar a inauguração do equipamento no município de Vitória da
Conquista (a 518 km de Salvador) em um evento político. "O que pesou
para minha desistência foram as sucessivas grosserias por parte do
presidente Jair Bolsonaro e do Governo Federal", disse o petista.
Três dias depois de haver chamado os nordestinos de "paraíbas", termo pejorativo,
Bolsonaro restringiu a festa de entrega do aeroporto, cujas obras
começaram ainda em 2010, no fim do governo Lula (PT), e se estenderam
até o ano passado, segundo informações do Governo da Bahia.
Ao todo, a construção consumiu R$ 106 milhões — R$ 75
milhões do Governo Federal e R$ 31 milhões de contrapartida da gestão
local. Depois das mudanças, que ampliaram pista de pouso e terminal de
passageiros, o aeroporto passou a ter capacidade para 500 mil usuários
por ano.
Convidado a participar do evento, Bolsonaro aumentou a
lista de convidados para 600 e fechou o acesso ao local, antes permitido
para qualquer pessoa. Desse número, apenas 100 seriam de indicação de
Costa. O presidente também eliminou referências ao Executivo estadual em
placas que aludiam à finalização das obras.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), "o presidente
montou uma arapuca para o governador da Bahia na inauguração". O
parlamentar petista avalia que a intenção de Bolsonaro era "tentar gerar
constrangimento" para o colega de partido.
O senador acrescenta que a postura do pesselista pode
ampliar ainda mais sua rejeição nos estados do Nordeste. "Essas
declarações nos tratando todos como 'paraíbas', por exemplo, mas também a
posição de orientar os seus auxiliares a não dar qualquer tipo de
suporte ao estado do Maranhão: isso é uma discriminação. A rejeição do
nordestino em relação ao Bolsonaro só aumenta", concluiu.
Deputado federal pelo PT, o cearense José Guimarães
afirma que a viagem de Bolsonaro ao Nordeste, a segunda desde que
assumiu a Presidência, "é uma provocação à Bahia" e que o aeroporto "foi
obra do governo Dilma e terminada no governo Temer". Segundo ele, "o
mínimo que o governador Rui Costa poderia fazer seria não ir".
Alvo de crítica de Bolsonaro, o governador Maranhão
Flávio Dino (PCdoB) se manifestou sobre o assunto. Em entrevista ontem à
Rádio O POVO/CBN, Dino assinalou que, "novamente, o presidente elege um
método de exercício do governo marcado pela divisão".
o Povo