A primeira denúncia contra o médico e prefeito
afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva, foi oferecida à Justiça.
Ele ficou conhecido nacionalmente após mulheres tornarem públicas
condutas criminosas que feriram a dignidade sexual delas. São, pelo
menos, duas vítimas no município de Cruz. O conteúdo da denúncia não
pode ser divulgado por estar em segredo de justiça.
A Promotoria de Justiça de Cruz recebeu, durante o mês
de julho, os depoimentos das primeiras quatro vítimas que se
apresentaram à delegacia após a divulgação dos vídeos na imprensa. José
Hilson trabalhou como médico da Prefeitura de Cruz de 1992 a 2012, e
manteve um consultório particular na cidade até 2018.
A partir de reportagens que repercutiram o caso em rede
nacional, outras vítimas compareceram às Promotorias de Justiça das
Comarcas de Uruburetama e de Cruz. Elas estão passando por atendimento
multidisciplinar com o apoio de profissionais do Núcleo de Atendimento
às Vítimas de Violência (NUAVV) do Ministério Público do Ceará (MPCE).
O processo, por conter crimes contra a dignidade
sexual, tramita em segredo de Justiça. "Tal previsão legal é fundamental
para que as vítimas se sintam seguras e motivadas a delatar crimes
sexuais sem receios quanto à exposição de sua identidade por conta do
processo", informou o MPCE.
Entenda o caso
O MPCE, por meio da Promotoria de Justiça de
Uruburetama, requereu à Justiça, no dia 17 de julho deste ano, a prisão
preventiva do médico José Hilson de Paiva. O pedido se fundamenta no
fato de que, mesmo afastado das funções de prefeito e médico, José
Hilson é considerado influente no município e no meio político estadual,
sendo capaz de, diretamente ou por interpostas pessoas, coagir,
constranger, ameaçar, corromper ou praticar atos tendentes a comprometer
a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil.
Um procedimento foi instaurado em junho de 2019, antes
da divulgação dos novos vídeos na imprensa. O órgão responsável é o
Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e, até o momento, seis vítimas e
uma testemunha já foram ouvidas. Em 15 de julho deste ano, foi
instaurado outro inquérito policial em Uruburetama, quando novas vítimas
começaram a ser ouvidas. Pelo menos 18 vítimas já identificadas nas
imagens exibidas pela imprensa serão convidadas para prestarem suas
declarações o mais rapidamente possível.
O POVO