Ecomuseu Natural do Mangue busca valorizar bioma por meio de aulas de campo

Blog do  Amaury Alencar
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Ecomuseu do Mangue da Sabiaguaba promove aulas de campo para ressaltar a relevância dos man...

Ecomuseu do Mangue da Sabiaguaba promove aulas de campo para ressaltar a relevância dos manguezais(foto: THAÍS MESQUITA)


Quem trafega pela ponte do r.io Cocó, que liga a Sabiaguaba à Praia do Futuro, pode não se dar conta da relevância ecológica daquela região. O encontro do rio com o mar reserva as riquezas de parte dos manguezais existentes no Estado.

Somente no Ceará, 22 municípios abrigam esse ecossistema. Na Capital, ele pode ser encontrado de forma predominante em cinco unidades de conservação, sendo elas o Parque Estadual do Cocó, a APA do estuário do rio Ceará (rio Maranguapinho), a Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Pacoti, a APA do estuário do rio Mundaú e APA do estuário do rio Curu.

Relevantes pela grande capacidade de estocar carbono presente no ar, os manguezais, por vezes, são rechaçados de forma prévia, devido ao seu odor e à sua composição. O lixo espalhado pelo solo, que pode ser encontrado próximo à foz do rio Cocó, é uma das evidências da falta de zelo com o espaço.

Em Fortaleza, o Ecomuseu Natural do Mangue, localizado na Sabiaguaba, é atuante na luta pela valorização desses espaços. Rusty Barreto, 61, fundador e administrador do museu, diz ter como missão de vida, lutar pela valorização dos mangues. Há mais de duas décadas, ele dedica sua vida à causa, tendo a educação como principal arma.

O pernambucano oferece aulas de campo, nas quais é possível ter uma experiência direta com a natureza. "Esse não é um museu de exposição, ele é vivencial. O museu é a própria região. Queremos que o mangue seja mostrado verdadeiramente, não só por turismo ou lazer, não só pelo belo. Mas pela sua importância e pelo seu valor".

Considerados como berçários da vida marinha, os mangues atuam de forma direta para a redução da vulnerabilidade das zonas costeiras às mudanças climáticas, já que a composição desses ambientes favorece a contenção da erosão da costa, assim como o impacto de maremotos.

Quem se propõe a participar das aulas de campo ofertadas pelo museu, que podem ser agendadas de forma direta com o administrador do local, terá uma experiência imersiva de aproximadamente duas horas. Ao todo, o percurso pelo mangue possui 12 estações.

De acordo com Rusty, cada um dos 12 pontos oferece uma atividade interpretativa e contemplativa. Durante o percurso, é possível aprender sobre a vida marinha e a relevância daquele bioma, além de encontrar amostras de peixes, crustáceos e, até mesmo, de uma baleia.

Conexão com a natureza

Aula do Ecomuseu é a oportunidade de conexão com o que ainda resta de natureza na Capital
Aula do Ecomuseu é a oportunidade de conexão com o que ainda resta de natureza na Capital (Foto: THAÍS MESQUITA)

Para quem vive em uma grande metrópole como Fortaleza, a aula do Ecomuseu é a oportunidade de conexão com o que ainda resta de natureza na Capital. Com os pés descalços, é possível sentir o fluir do rio em parte da trilha, além de contemplar a "abundância de vida" presente por todos os lados.

"Há um poder transformador no mangue. É necessário entender que isso não é um trabalho turístico, mas sim educativo.", destaca Rusty, que diz ter seu trabalho focado na educação de jovens e crianças.

A preocupação de Rusty é fundamentada pela velocidade com que os manguezais são degradados. De acordo com o Atlas dos Manguezais, com dados do Ministério do Meio Ambiente e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ceará possuía pouco mais de 19 mil hectares (ha) de mangues até 2018.

Por outro lado, Lucas Silva, técnico da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio/Sema), aponta que, de acordo com o Mapa de Biomas 2020, que avalia a cobertura e o uso da terra no Brasil, atualmente, o Ceará possui aproximadamente 17 mil hectares.

Ainda de acordo com o Atlas dos Manguezais, o avanço da carcinicultura pelo País aparece como uma das principais ameaças aos manguezais. Somente entre os anos de 2013 e 2016, mais 36 mil ha foram mapeados como áreas de mangue, que foram convertidas em viveiros de camarões, sendo mais de 33 mil ha somente na região Nordeste.

No último ano, o Governo do Estado implementou um viveiro de mudas no Parque do Cocó. O objetivo é combater a degradação sofrida pelo bioma durante os últimos anos. Até julho de 2022, duas mil mudas de manguezais já haviam sido produzidas.

No Ecomuseu Natural do Mangue, na Sabiaguaba, também é possível colaborar com o plantio de novas árvores. No local, um espaço foi intitulado de "Bosque da Memória", onde mudas de mangue são plantadas em homenagem às vítimas da Covid-19.

22 municípios cearenses que possuem manguezais:

Icapuí
Aracati
Fortim
Beberibe
Cascavel
Aquiraz
Eusébio
Fortaleza
Caucaia
São Gonçalo do Amarante
Paracuru
Paraipaba
Trairi
Itapipoca
Amontada
Itarema
Acaraú
Cruz
Jijoca de Jericoacoara
Camocim
Barroquinha
Chaval


                      o Povo 

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