A Assembleia Legislativa teve nesta quinta-feira, 4, dia tenso de debates em torno da crise da Covid-19 no Ceará. Durante a manhã e início da tarde, discussões pautaram sobretudo prorrogação do estado de calamidade social do Estado, além da aplicação pelo governo Camilo Santana (PT) de horários mais rigorosos para medidas de isolamento social em Fortaleza.
As discussões ocorriam enquanto o governo tentava aprovar regime de urgência para o projeto que prorroga o estado de calamidade, o que facilitaria a compra de insumos para o combate à pandemia. A sessão chegou a ser suspendida por falta de deputados presentes no plenário, mas foi retomada após reuniões entre base e oposição e acabou sendo aprovada por volta das 13h desta quinta-feira.
“Nós já estamos lidando com essa pandemia há muito tempo. Já deu tempo para o governo aprender a lidar com isso sem necessidade desse estado”, argumenta Dra. Silvana (PL), uma das vozes contrárias à medida. Corroborando com a deputada, Delegado Cavalcante (PSL) apontou que o regime de calamidade pode prejudicar a fiscalização de gastos do governo.
A fala de opositores foi rebatida por diversos membros da base aliada, que argumentam necessidade da medida para o caso de um crescimento repentino de casos no Estado. Mesmo sendo também integrante da oposição, Heitor Férrer (SD) rebateu Cavalcante: “Quero saber se o senhor poderá ser cobrado caso o Estado fique sem conseguir comprar equipamentos no caso de uma emergência”, disse, lembrando do colapso do sistema de saúde de Manaus.
Horário reduzido
Por volta do meio-dia, a sessão da Casa foi levantada por falta de quórum e integrantes da oposição se reuniram com o líder do governo, Júlio César Filho (PDT), nas galerias da Casa. Pela manhã, manifestantes contrários ao novo horário de funcionamento para serviços não essenciais no Estado foram até a Assembleia e exigiram intermediação entre categorias, como a de músicos, e o governo.
A decisão do governo Camilo, que antecipou para 20h o horário de funcionamento de diversos estabelecimentos, foi também pauta de boa parte da sessão desta quinta-feira. “São mais de seis mil estabelecimentos na Capital e 20 mil no interior do Estado, e pelo menos 40% deles fechou durante o lockdown do ano passado. Alguma coisa precisa ser feita pois são milhares de empregos que são perdidos”, disse Delegado Cavalcante.
Soldado Noélio (Pros) afirma que a oposição não nega gravidade da crise, mas que medidas como a desta semana exigiriam contrapartidas maiores para os segmentos afetados. “Se o governador quer proibir as pessoas de trabalharem, e que fiquem em casa, tem que dizer o que está fazendo para garantir as necessidades básicas da população”.