Levantamento da Rede
Nossa São Paulo mostra que a distribuição dos leitos de unidades de
terapia intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital
paulista privilegia as regiões mais ricas e próximas ao centro da
cidade.
Os dados, divulgados hoje (8), expõem, por
exemplo, que a área da subprefeitura de Pinheiros, região de classe
média-alta na zona Oeste, onde moram 294 mil pessoas, dispõe de 365
leitos de UTI do SUS. Com a mesma população, a subprefeitura de Vila
Maria, na zona Norte, possui dez.
De acordo com o levantamento, três
subprefeituras do município, Sé, Pinheiros e Vila Mariana, localizadas
nas regiões mais ricas e centrais da cidade, concentram 9,3% da
população do município e mais de 60% dos leitos de UTI do SUS. Enquanto
isso, 20% da população (2,3 milhões de pessoas) vivem em sete
subprefeituras (Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Aricanduva,
Lapa, Perus, Jaçanã) – localizadas na periferia do município – onde não
há um leito sequer.
“Este mapeamento revela, mais uma vez, a
desigualdade estruturante na cidade mais rica do país. Nesse momento de
crise, se por um lado São Paulo tem sido referência em medidas
emergenciais, por outro os números atestam que estamos longe de atingir a
equidade social. A desigualdade territorial segue acentuando as
diferenças e tornando as populações ainda mais vulneráveis”, destacou a
Rede Nossa São Paulo, em nota.
O levantamento foi feito a partir de dados
de fevereiro de 2020 do sistema do Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DataSUS).
Prefeitura
De acordo com a administração municipal, no
entanto, a concentração de UTIs em bairros centrais, identificada no
levantamento, não reflete a realidade da rede pública municipal.
Em nota, a prefeitura de São Paulo informou
que os hospitais municipais estão distribuídos, em sua maior parte, na
periferia da cidade, em bairros como: Itaquera, São Miguel, Ermelino
Matarazzo, Pirituba, M'boi Mirim, Cidade Tiradentes, Campo Limpo, Vila
Maria, Butantã, Vila Nova Cachoeirinha e Campo Limpo.
A prefeitura disse ainda que, o Hospital de
Parelheiros, que atualmente tem 25 leitos de UTI, aumentará esse número
até 31 de maio para 288, destinados a pacientes de coronavírus. Segundo a
administração municipal, o prefeito da cidade, Bruno Covas, anunciou no
último dia 28, mais 159 leitos de UTI no Hospital Municipal da
Brasilândia, na Zona Norte, para tratamento de pacientes atingidos pelo
coronavírus na capital.
Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde
informou que os hospitais estaduais localizados na capital paulista
estão distribuídos nas cinco regiões da cidade, “inclusive com
prevalência nos extremos das regiões sul e norte, com uma rede de
referências em média e alta complexidade nos ‘pontos cardeais’ da região
metropolitana”.
A pasta ressaltou que possui 34 hospitais no
município de São Paulo, que atendem qualquer usuário do SUS,
“independentemente da origem, visto que o acesso e o atendimento pela
rede pública de saúde são garantidos constitucionalmente a qualquer
cidadão”.
A secretaria acrescentou que ontem (7) foi
anunciada a construção de um hospital de campanha no Complexo Desportivo
Constâncio Vaz Guimarães, nas proximidades do Parque do Ibirapuera,
para atendimento de casos de coronavírus. “O espaço terá 240 leitos de
baixa complexidade, 28 leitos de estabilização, sala de descompressão,
consultórios médicos e tomografia. A unidade será referenciada e
receberá pacientes vindos de unidades de pronto atendimento”.