Grupo de alunos da Escola de Tempo Integral Marconi Coelho Reis, em Cascavel (Região Metropolitana de Fortaleza), é finalista em prêmio nacional de soluções inovadoras.
Os estudantes do 3º ano do ensino médio desenvolveram, após um ano de
pesquisas, um filme biodegradável para lesões cutâneas e queimaduras. O
produto é feito a partir da folha da goiabeira (Psidium guajava).
O prêmio Respostas para o Amanhã (Solve for Tomorrow), da Samsung, escolheu dez projetos finalistas. Outro projeto de Cascavel chegou a esta fase do prêmio. São os alunos da Escola de Ensino Médio Ronaldo Caminha Barbosa,
com o projeto "Agri+: Combatendo a escassez de água e melhorando a
agricultura com polímeros sustentáveis". Cada uma das escolas já ganhou
uma TV Samsung 55” e um notebook.
Agora as escolas produzem vídeos para defender seus projetos. A próxima etapa será em 30 de setembro, quando os três vencedores nacionais serão anunciados. A equipe mais bem classificada será convidada a apresentar o projeto na etapa regional, em São Paulo.
Entre 23 a 29 de setembro, as escolas cearenses vão precisar de votos online para superar as concorrentes e conseguirem estar entre as três mais votadas na categoria júri popular.
Goiabeiras em abundância
A turma inteira do 3º ano D da escola Marconi Coelho
Reis é participante do projeto, mas sete alunos são titulares do
experimento de sucesso. Substituto dos filmes plásticos, prejudiciais ao
meio-ambiente, o filme de Psidium guajava, tem ainda propriedades
anti-inflamatórias e antimicrobianas para tratar queimaduras e lesões
cutâneas.
A professora de biologia Heloína Capistrano é a
orientadora do filme biodegradável baseado na folha da goiabeira, árvore
muito comum no município. Ela, que leciona as disciplinas opcionais
(eletivas) Iniciação Científica e Práticas de Laboratório, se diz
satisfeita com os resultados.
"Fiquei grata por elevar e colaborar com eles na
pesquisa, na leitura, no interesse pela Ciência, tirando esses alunos da
ociosidade. Eles são apaixonados pelo laboratório, passaram várias
horas do último ano estudando a matéria-prima. Após testes, erros e
acertos, foi criada a película perfeita”, conta Heloína.
Lígya Nogueira, de 19 anos, faz parte da equipe que
elaborou o projeto do biofilme. “Usamos amido, glicerol e água na
composição e tiramos da folha da goiabeira uma substância parecida com
farinha. O amido e o glicerol são plastificantes. Então, peneiramos e
maceramos”, esclarece.
Conforme a jovem, os testes realizados indicaram a cicatrização mais rápida de uma queimadura de primeiro grau, ficando na pele por 7 dias. Por se tratar de um composto biodegradável, a decomposição na natureza também se realizou de forma acelerada e sem agredir o meio ambiente.
O Projeto Biofilme faz parte da metodologia de
disciplinas eletivas ofertadas nas escolas de tempo integral da rede
pública estadual cearense, que promove em seu escopo a iniciação
científica nas unidades de ensino. A iniciativa pode ser acompanhada
pelo Instagram e pelo Youtube.
A promessa agora é viabilizar o produto em massa, a
baixo custo. “É um filme eficaz, econômico, e sustentável”, completa a
professora. O produto também é candidato em outras competições
científicas.
Combatendo a escassez de água
Fabiana Ramos, de 18 anos, cursa a 3ª série do ensino
médio na Escola Ronaldo Caminha. De acordo com a jovem, integrante da
equipe que desenvolve o Projeto Agri+, a iniciativa surgiu pela
constatação de que as hortas plantadas na região não se desenvolviam
adequadamente, pelo fato de o solo ser salino e seco.
“Utilizamos um composto feito com cascas de manga, de abacate e bagaço de cana-de-açúcar, gerando um produto que consegue reter água no solo. Ficamos muito felizes com o resultado. Realizando testes, conseguimos passar 21 dias sem precisar irrigar a terra que recebeu esse tratamento, num cultivo de cebolinha. Por ser um polímero biodegradável e de baixo custo, pode ser uma boa solução para outras regiões que também sofrem com a escassez de água, já que os polímeros industrializados são caros e podem trazer consequências nocivas à natureza e aos consumidores”, explica Fabiana. Acompanhe o projeto Agri+ no Instagram e no Youtube.
O prêmio
Agora, serão avaliadas a relevância dos projetos,
inovação, rigor científico e viabilidade de execução, dentre outros
critérios. Na comissão julgadora estão representantes do Cenpec
Educação, Ministério da Educação, Rede Latino-americana pela Educação,
Unesco, Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI) e Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed).
"Mais de um terço dos projetos selecionados à primeira fase foram do Nordeste", pontua Isabel Costa, gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil.
Ela detalha que o prêmio incentiva jovens a pensarem
soluções para suas comunidades, envolvendo engenharia, matemática,
tecnologia e ciências naturais. "Tem ainda a ótica de sustentabilidade,
com abordagem que incentiva a ciência, o aprofundamento nos estudos. São
temas ligados às disciplinas, ao currículo escolar. Os professores
desenvolvem essa metodologia junto aos alunos, interagindo com a
sociedade", comemora Isabel.
A iniciativa, que está na sexta edição, já teve 18 mil
projetos e 153 mil estudantes inscritos. A proposta é reconhecer
projetos de investigação e experimentação científica e tecnológica por
estudantes do ensino médio público, com a orientação de seus
professores, para propor soluções a problemas de suas comunidades.
Para o prêmio, a Samsung, multinacional de origem
sul-coreana, mantém parceria com o Cenpec Educação, organização da
sociedade civil sem fins lucrativos voltada à melhoria da qualidade da
educação pública.
“Temos finalistas de todas as regiões do Brasil. Isso
reforça a diversidade e a preocupação de cada um com o seu território.
São projetos que ajudam a solucionar questões de cada comunidade. É a
preocupação com quem está a sua volta”, diz Mônica Gardelli Franco,
diretora-executiva do Cenpec Educação.
Confira os dez projetos semifinalistas da 6ª edição do Prêmio “Respostas para o Amanhã”:
EEM Ronaldo Caminha Barbosa - AGRI+: Combatendo a escassez de água e melhorando a agricultura com polímeros sustentáveis Cascavel / CE
IFPA – Campus Belém - Construção de
banco de filtração de água de rio em 3 estágios fabricado em cerâmica
extrativada e carvão ativado oriundo de caroço de açaí - Belém / PA
IEE Guilherme Clemente Koehler -Fabricação
de pavimentos intertravados utilizando resíduos da reciclagem de postes
de concreto em substituição parcial do agregado miúdo (areia) - Ijuí /
RS
Colégio Estadual Dom Veloso - Engenharia sustentável: uso de resíduos na fabricação de tijolos ecológicos. Itumbiara / GO
Escola Estadual Profª Maria das Dores Brasil - Biolarvicida: Senna alata l. no combate as larvas dos mosquitos Aedes aegypti, Culex quinquefasciatus - Boa Vista / RR
EE Angelo Scarabucci - Proteção dos
pés para a cabeça: reutilização de resíduos produzidos na indústria
calçadista na produção de um capacete sustentável para ciclistas
- Franca / SP
EEMTI Marconi Coelho Reis - Desenvolvimento de biofilme a partir da Psidium guajava para aplicações diversas. Cascavel / CE
Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré - Transformação
das escamas de peixe em fibras algodonosas com aplicabilidades nas
áreas da saúde e industrial, com sustentabilidade - Manacapuru / AM
IFPI – Campus Teresina Central - Ben Hero: incluindo e reabilitando de forma lúdica! Teresina / PI
CEDUP Abílio Paulo - Eletrocardiograma de baixo custo baseado na plataforma microcontrolada arduíno - Criciúma / SC
o Povo