Trans denuncia que teve matrícula recusada em academia 'só para mulheres, em Juazeiro do Norte

Blog do  Amaury Alencar
0


Jhully Carla de Sousa teve matrícula recusada em academia voltada para público feminino. — Foto: Arquivo pessoal

Jhully Carla de Sousa teve matrícula recusada em academia voltada para público feminino. — Foto: Arquivo pessoal



A funcionária pública Jhully Carla de Sousa denunciou que teve a matrícula recusada em uma academia só para mulheres em Juazeiro do Norte, no Sul do Ceará, nesta segunda-feira (30). Jhully afirmou ao g1 ter saído "cansada mentalmente" ao tentar fazer a matrícula e que foi recusada como aluna por ser mulher trans.


O advogado do empreendimento, Regnobertho Costa, informou que o ocorrido "nada mais foi que um mal-entendido" e que a academia Sport Lif "repudia veementemente toda e qualquer violência transfóbica." Além disso, segundo ele, os responsáveis pelo local vão se reunir na tarde desta terça-feira (31) para tratar do caso.


A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Juazeiro do Norte apura a denúncia, segundo a Secretaria da Segurança.

Conforme Jhully, o acesso dela ao empreendimento quase foi barrado, mesmo com a funcionária pública e também estudante portando documento retificado há um ano.


Após ser recebida na recepção, a estudante contou que conversou com uma funcionária amiga dela. A recepcionista afirmou que precisaria conversar com o gerente do estabelecimento sobre o assunto.

Morador do Crato já fez 5 boletins de ocorrência por homofobia em Crato, cidade vizinha a Juazeiro do Norte, onde ocorreu o caso com Jhully
00:00/02:26

Morador do Crato já fez 5 boletins de ocorrência por homofobia em Crato, cidade vizinha a Juazeiro do Norte, onde ocorreu o caso com Jhully

 Ainda segundo a vítima, a funcionária voltou afirmando estar "arrasada" por não poder recebê-la na unidade. O gerente teria, inclusive, questionado qual seria o órgão sexual da funcionária pública.

"Você chegar um local e ser excluída de lá por causa da genitália. Como se eu fosse dar bom dia mostrando meu órgão", disse. "Saí de lá tão arrasada que juntei forças pra não sair de lá chorando".

Com a matrícula recusada, Jhully advertiu a amiga sobre o caso, apontando a existência de lei estadual contra discriminação por identidade de gênero e orientação sexual. De acordo com a funcionária pública, ela ainda contatou a filha do responsável pela academia, que teria "ficado muito mal por isso".


Busca por conforto e acolhimento


A estudante afirmou ter buscado o empreendimento devido à proximidade da casa dela e ao público, no entanto, ela já sabia de outros casos de discriminação no local. Uma amiga já teria conseguido utilizar os serviços da academia e sido tratada com pronome masculino por um profissional da unidade.

Também ativista LGBTQIA+, Jhully Carla de Sousa trabalha na assistência social de Juazeiro do Norte. — Foto: Arquivo pessoal

Também ativista LGBTQIA+, Jhully Carla de Sousa trabalha na assistência social de Juazeiro do Norte. — Foto: Arquivo pessoal

Jhully afirmou, ainda, que a filha do gerente, após saber que o assunto foi levado à polícia, assegurou-lhe que a estudante seria bem recebida. A vítima, porém, recusou a proposta: dessa forma, de acordo com ela, alguém que a submeteu a uma situação de discriminação ainda conseguiria obter lucros. "Se eu já fui constrangida fazendo a matrícula, imagina se eu estivesse lá dentro?", questionou.

"Espero que tudo seja resolvido. "Só não me calei porque já aconteceu com outras, e elas se calaram. Se eu não falasse, aconteceria com outras e outras e nada seria feito", afirmou Jhully, também ativista da causa LGBTQIA+.


                                          G1 CE 

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)