Queiroga defende Copa América e diz que vetou Luana Araújo

Blog do  Amaury Alencar
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em depoimento à CPI da Covid

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em depoimento à CPI da Covid


O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à CPI da Covid, do Senado Federal, nesta terça-feira (8), que foi dele a decisão de não efetivar a contratação da infectologista Luana Araújo para o cargo de secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 e defendeu a realização da Copa América no Brasil.

O ministro compareceu à CPI para um segundo depoimento após cerca de um mês e recebeu vários questionamentos sobre sua autonomia à frente do Ministério da Saúde. 

Na semana passada, ao ser ouvida pela comissão, Luana declarou que, após dez dias no cargo, foi informada pelo ministro da Saúde que não seria mais nomeada. Ela entendeu na ocasião que órgãos superiores haviam vetado sua presença na secretaria de acompanhamento da pandemia.

Queiroga explicou que todas as nomeações têm de ser aprovadas por dois órgãos federais, a Casa Civil e a Segov (Secretaria de Governo da Presidência da República). Mas disse que não houve veto nesse caso. "Eu desisti da doutora Luana porque ela não estava suscitando o consenso que eu desejava", declarou aos senadores. Entendi que, pelo seu perfil, não iria contribuir para o que eu queria."

Copa América

Sobre a Copa América, que será realizada a partir de domingo (13) com a presença de dez seleções, Queiroga afirmou que os protocolos são seguros e não trazem risco de agravamento de casos. 

"O esporte está liberado no Brasil e não existem provas de que essa prática aumente o nível de contaminação dos atletas", afirmou. Queiroga observou que todos os atletas têm seguro. Caso sejam infectados, diz o ministro, vão usar o serviço particular de saúde. "Não haverá público nos estádios, então não haverá aglomerações. O risco de contrair a covid-19 será o mesmo com ou sem os jogos."

Tratamento precoce

Queiroga afirmou que entende não haver "eficácia comprovada" do tratamento precoce pregado pelo governo como ferramenta de combate à infecção por de covid-19 e contra o agravamento de casos. Entre os remédios estão a cloroquina, tradicionalmente usado contra a malária, e o vermífugo ivermectina.

Queiroga foi pressionado em diferentes oportunidades pelos senadores para falar sobre a cloroquina. No início da sessão, respondeu: "Pra mim não há evidência comprovada da eficácia desses medicamentos", afirmou. Mais tarde, dirigiu-se ao senador Renan Calheiros (MDB-AL): "Já disse aqui à Vossa Excelência. Na minha opinião, esse tratamento não tem eficácia comprovada".

O posicionamento é mais incisivo contra o tratamento precoce do que o demonstrado por Queiroga em seu primeiro depoimento à CPI, apesar de o ministro manter sua visão de que a classe médica está dividida.  

"De um lado, aqueles, como eu, que sou mais vinculado a sociedades científicas. Do outro lado, médicos assistenciais que estão na linha de frente e relatam casos de sucesso com esses tratamentos. Eles discutem de maneira calorosa, e cabe a mim harmonizar esse contexto para termos condição mais pacífica na classe médica", afirmou Queiroga.

Por esse motivo, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) trabalha para a criação de um protocolo de tratamento precoce contra a covid-19 para pacificar o tema.

A maior parte das classes médica e científica vêm apontando que remédios como a cloroquina são ineficazes contra a covid-19, conforme os principais estudos publicados mundialmente. Além disso, há o risco de efeitos colaterais.

Ainda em relação ao tratamento precoce, o ministro afirmou que não será tirada do site do Ministério da Saúde uma nota técnica de maio do ano passado com orientações para o uso de remédios em casos de infecção por covid-19. O ministro avalia que a nota "perdeu o objeto", já que um protocolo é avaliado pela Conitec. "Ficou pra história", disse. 

Reações

As manifestações em relação ao tratamento precoce provocaram reações dos senadores e até mesmo da base governista. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) afirmou que não é possível desqualificar o tratamento precoce. "Nós vamos apoiar a vacina, sim, mas não podemos desqualificar o tratamento precoce", disse. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), também da base governista, também criticou o posicionamento contrário ao tratamento.

Bolsonaro

Queiroga afirmou que não cabe a ele julgar as ações e aglomerações promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro. Ao dizer que ele, particularmente, tem recomendado medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e isolamento social a todos os brasileiros, "sem exceção", foi questionado se Bolsonaro também era orientado por ele.

"Eu sou ministro da Saúde, eu não sou censor do presidente da República. Eu faço parte de um governo. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde", declarou.

Gabinete paralelo

Queiroga afirmou que desconhece a atuação de um suposto gabinete paralelo para aconselhamento e tomada de decisões relativas ao combate à pandemia de covid-19 no país.

A atuação do grupo, que teria sido responsável por aconselhar o tratamento precoce com cloroquina, remédio considerado ineficaz contra covid-19 pela maior parte da classe médica e científica, é um dos principais pontos de investigação da CPI.

"Eu desconheço essa atuação em paralelo. Nunca vi esse grupo atuando em paralelo. Não tenho contato com esse grupo", afirmou o ministro à comissão.

Queiroga disse ter tido contatos isolados, no entanto, com alguns dos supostos membros do 'gabinete paralelo', como a médica Nise Yamaguchi, o empresário Carlos Wizard e o deputado federal Osmar Terra. No encontro com Nise, ela lhe entregou um protocolo de cloroquina usado em Cuba.


                       R7 

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