A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e
apreensão no município de Aurora, a 464 quilômetros de Fortaleza, na
manhã desta quinta-feira, 21. Segundo investigação, políticos da
localidade, pré-candidatos a prefeito e vereador no pleito destes ano,
estariam prometendo celeridade em repasses do auxílio emergencial a
pessoas afetadas pela crise do coronavírus em troca de votos na eleição
municipal deste ano.
De acordo com a PF, em coletiva realizada
nesta manhã, no distrito de Ingazeira, um homem de uma igreja
protestante, que não teve o nome revelado, orientava os fieis a deixarem
seus documentos na casa de um político, que também não foi identificado
pela PF, para dar celeridade no recebimento do benefício, sem a
necessidade de pegar filas. Em troca, as pessoas deveriam votar no
candidato.
Uma casa lotérica do município, que não possui agência
bancária, também faria parte do esquema. “E esse pagamento seria feito
com um cheque emitido diretamente pela própria lotérica”, informa o
comandante da operação, delegado da PF Bruce Miler. De acordo com o
delegado, rádios e sites de Aurora noticiaram que houve efetivamente a
emissão dos cheques e que eles foram apanhados na própria lotérica.
“Esse ano é atípico em face da pandemia. Um ano em que
um valor muito grande de recursos públicos estão sendo liberados para a
população e que é necessário que os órgãos da segurança pública e da
justiça criminal estejam atentos para que sejam aplicados devidamente”,
aponta o delegado.
Josefa Lourenço, chefe da delegacia da Polícia Federal
de Juazeiro do Norte, onde aconteceu a coletiva, afirma que a população é
vítima do esquema. Nesse período de pandemia, ainda de acordo com a
delegada, a população se torna suscetível de aceitar qualquer tipo de
vantagem. “E essas vantagens criam vínculo psicológico. As pessoas se
sentiriam na obrigação de votar naquele que facilitou, no momento da
pandemia, o recebimento do benefício” aponta.