Boletim epidemiológico divulgado pela
Secretaria Estadual da Saúde, nesta quarta-feira, 22, revela que 77% dos
casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Ceará são
decorrentes de infecção com o novo coronavírus. A predominância desses
casos entre os que já tiveram resultado laboratorial positivo coloca o
Estado em zona de risco, conforme sugere relatório da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), que monitora e apresenta níveis de alerta para os casos
reportados de SRAG.
No Brasil, a investigação dos casos graves de
Covid-19 acontece de forma integrada à investigação de outros vírus
respiratórios, a partir da vigilância de pacientes hospitalizados por
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). São consideradas como síndrome
grave os casos que apresentam dispneia, febre, tosse, dor de garganta,
desconforto respiratório, ou que evoluiu para óbito por SRAG
independente da internação.
De acordo com o relatório da Fiocruz, divulgado por
meio da plataforma Infogripe, até 11 de abril já foram reportados 32.360
internações por SRAG no País. Destes, 7.175 tiveram resultado
laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 9.627 exames
testaram negativos e 16.790 aguardam resultado. Segundo a Fiocruz, a
tendência de crescimento do número de internações se manteve, entre 5 e
11 de abril, ainda que com taxa de crescimento em desaceleração,
conforme já vinha ocorrendo em março.
Apesar da tendência, a Fundação destaca que é preciso
cautela quanto à interpretação de dados muito recentes. “O volume de
hospitalizações por SRAG permanece extremamente elevado, muito acima do
esperado e muito acima de anos anteriores em todas as regiões. Por outro
lado, embora esses números continuem subindo, se confirmou a
desaceleração apontada na semana anterior”, afirma o coordenador do
Infogripe, Marcelo Gomes.
Para o coordenador, a persistência do crescimento de
casos de SRAG e a predominância da Covid-19 entre eles, são sinais de
alerta para a manutenção do isolamento social. “A desaceleração serve
como motivo de alegria e motivação para continuarmos pois isso é sinal
que o isolamento está funcionando, mas ainda não podemos relaxar. O
isolamento é fundamental para evitar demanda hospitalar acima da
capacidade de atendimento”, aponta Gomes.
Ceará está na zona de risco com alta atividade de SRAG
De acordo com o relatório da Fiocruz, o Ceará está em
nível de atividade semanal para SRAG e Covid-19 muito alta, o que leva o
Estado para a zona de risco e possibilidade de óbitos por síndromes
graves. Para os casos de internação por influenza, no entanto, o Estado
permanece na zona de segurança, tendo êxito contra o aumento na taxa de
mortalidade.
Esses dados são confirmados pelo último boletim
divulgado pela Secretaria de Saúde Estadual (Sesa), na quarta-feira, 23.
Dos casos que tiveram etiologia esclarecida (728), 77% foram
identificados como decorrentes do novo coronavírus (um total de 549). Há
ainda 12% de casos advindos de outros vírus respiratórios e 11% de
influenza.
Até 22 de abril foram notificados 2.795 casos de SRAG
no Ceará, conforme o boletim epidemiológico. Dos casos de síndrome grave
notificados no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe
(Sivep-Gripe), 1.412 já foram investigados e 1.383 encontram-se em
investigação.
O boletim da Sesa aponta que, dos 549 casos de SRAG
hospitalizados por coronavírus, 83% eram residentes do município de
Fortaleza, 34% evoluíram para cura, 32,6% evoluíram para óbito e 22,2%
permanecem hospitalizados. Do total de hospitalizados por SRAG por
coronavírus, 85,4% tinham alguma doença crônica, 32,8% tinham doença
cardiovascular, 26,8% diabetes, 6,2% tinham doença renal crônica e 5,3%
eram pneumopatas.
A maior proporção dos casos esteve na faixa etária de
50 a 59 anos e 70 a 79 anos (24,4%) entre os homens, e entre as mulheres
acima de 60 anos (25,0%). Os principais sinais e sintomas apontados
foram febre (85,4%), tosse (83,4%), dispneia (76,9%) e desconforto
respiratório (57,9%).
o Povo