O Centro Cultural Banco do Nordeste
do Brasil (CCBNB), em Juazeiro do Norte, recebe a partir desta
quinta-feira (1), uma exposição com proposta interativa entre os
visitantes e a obra. A galeria do centro cultural irá apresentar a
exposição “Saudade e o que é possível fazer com as mãos”, com obras
realizadas entre março e setembro de 2016, da artista mineira Raquel
Versieux. As obras foram produzidas a partir de sua recente experiência
nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Santana do Cariri,
no Ceará.
No chão da galeria, estará a instalação “Quenga coco loco”, composta
por cerca de duzentos cocos secos com traços de queimada, e outras
cascas ou “quengas” de coco, resíduo do consumo da artista. Nesta versão
da obra, a artista fará uma performance coletiva, convidando o público a
trabalhar com o barro, usando as quengas como molde.
A escolha do coco é
proposital, a artista o utiliza como “signo de uma história da paisagem
que precisa ser constantemente revista e recontada a partir de
experiências atuais”.
A exposição terá, também, cinco versões da obra “Coração seguro”,
escultura feita em metal com 1,20m de altura. No topo dela há uma pedra
vermelha bem característica da região do Cariri, uma rocha sedimentar do
tipo “Arenito da Formação Exu”, que tem 96 milhões de anos. Essa pedra é
usada no calçamento de muitas cidades caririenses, no revestimento de
muros, e também está presente na fundação das casas.
“A coloração avermelhada me faz lembrar um pedaço de carne viva, ou
um coração. Criei a escultura de forma que a pedra ficasse na altura do
meu coração”, diz a artista. Essas esculturas estarão expostas na mostra
e também haverá uma fotografia delas feita por Raquel Versieux, com a
chapada do Araripe ao fundo.
Na exposição estarão, ainda, oito fotografias, que retratam a
paisagem e o uso da terra. A artista destaca que os trabalhos têm uma
relação entre si, não só por tratarem da saudade, mas também pela
relação entre imagem, natureza e cultura. Obra “Coração seguro” fará parte da exposição. Foto: Divulgação
“A saudade a que me refiro
não é só minha, mas também uma saudade do material com o qual trabalho.
Penso na saudade que uma pedra é capaz de sentir ao ser quebrada, por
exemplo, é uma saudade pré-histórica, de outros tempos, outras
cosmologias, e estamos precisando tanto aprender com isso para resistir
no nosso presente”, conta a artista.
É importante ressaltar que a exposição da artista no CCBNB Cariri
estava prevista para acontecer no início de julho, mas foi cancelada ao
final do mês de junho, quando foram anunciados cortes de 35% da verba
anual dos Centros Culturas do Banco do Nordeste. Até o momento, apenas
parte da programação de julho foi relocada para agosto e não há previsão
de programação para setembro até o fim do ano. Artistas locais estão
organizados no movimento FICA CCBNB, em ato de resistência e em busca de
maiores esclarecimentos.
Sobre a artista
Nascida em Belo Horizonte, Raquel Versieux mudou-se para o Cariri em
2016, onde é professora do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da
URCA. Dentre suas principais exposições individuais estão a mostra
“Antes da última queima”, na Galeria de Arte IBEU, em 2015; “When the
houses live”, na Six Galerija, na Croácia, e “A feira da incoerência”,
na galeria Athena Contemporânea, ambas em 2013.
No momento se prepara para participar do 36º Panorama da Arte
Brasileira, que acontecerá no Museu de Arte Moderna de São Paulo, que
tem como temática “sertão”, com abertura em 17 de agosto.
Serviço
Exposição “Saudade e o que é possível fazer com as mãos”
Abertura: 01 de agosto 2019, das 18h às 21h
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil Cariri (CCBNB)
R. São Pedro, 337 – Juazeiro do Norte