Expansão e interiorização do Ensino Superior no Ceará é um marco histórico para a Uece

Blog do  Amaury Alencar
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A Universidade Estadual do Ceará oferece cursos de bacharel, incluindo Medicina, no interior cearense

A Universidade Estadual do Ceará concluiu, neste segundo semestre de 2023, a implantação de três novos campi universitários e a abertura de oito novos cursos. A ação está dentro da Política de Expansão e Interiorização do Ensino Superior no Ceará, lançada pelo Governo do Estado no ano passado, com o objetivo de aproximar a juventude cearense do conhecimento e das oportunidades que a Universidade oferece. Nesta segunda-feira (7), começa o segundo semestre letivo da Universidade com 320 novos estudantes nesses novos cursos.

Impacto geracional

Mudar da cidade-natal ou mesmo do lugar onde passou a infância e/ou adolescência, para estudar nos centros urbanos, é uma realidade de muitos estudantes na hora de ingressar no ensino superior. A transição geográfica e cultural é muitas vezes necessária por causa da oferta de cursos e vagas, geralmente concentradas nas metrópoles.

No Ceará, a Política de Expansão e Interiorização, além de minimizar a migração de estudantes, tem contribuído fortemente, por meio do ensino, pesquisa e extensão, para potencializar o desenvolvimento regional com foco na melhoria de áreas essenciais na vida do cidadão, como a saúde. É o que afirma a secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Sandra Monteiro.

“A Política segue algumas das diretrizes e desafios propostos no Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, que teve a condução da Secitece em diálogo com diversos setores da sociedade e academia. Esse plano trouxe o desafio da interiorização da ciência e da tecnologia. Mas, como não existe ciência e tecnologia sem educação superior e educação profissionalizante, para chegar a essa interiorização, precisamos formar pessoas. Essa formação, que só é possível com a expansão, deve seguir uma priorização da vocação dessas regiões, a necessidade de serviços que estejam sendo prospectados ou forneçam profissionais para os já existentes”, explica.
Além da Uece, a estratégia contemplou a Universidade Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade Regional do Cariri (Urca), fazendo saltar de 16 para 23 municípios cearenses com disponibilidade de cursos de nível superior. “A Expansão é o início. Como política de Estado, é uma prioridade que deve ser continuada. Sem educação, seja ela básica, profissionalizante ou ensino superior, não temos qualidade de vida”, defende a secretária. 

Marco histórico

Na expansão, a Uece implantou novos campi em Aracati (Licenciatura em Matemática e em Letras: Português/Inglês), Canindé (Administração, Inglês e Pedagogia) e Quixeramobim (Medicina), e implementou novos cursos em dois campi já existentes, em Crateús ( novo curso de Medicina) e Tauá (novo curso de Medicina Veterinária) e Mombaça (Sistemas de Informação). Para isso, foi realizado o maior concurso público para docentes do Ensino Superior do Brasil, com 365 vagas para a Uece.

O reitor Hidelbrando Soares reforça o impacto dessas ações para a história da instituição, que em 2023 completou 48 anos de existência. “A Uece tem uma história bonita no interior do Ceará com a formação docente. Ao longo da nossa história, formamos professores em vários municípios cearenses, onde a universidade se faz presente fisicamente como campus ou por meio dos polos de Educação à Distância. Creditamos à difusão da formação docente à qualidade na educação básica, que hoje o Ceará tem. Não conseguimos formar uma boa escola pública sem ter a peça fundamental do processo de qualidade da educação básica, o professor”, pontua.

Esse processo pode ser exemplificado pelo bom desempenho progressivo do Ceará no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O Ideb de 2021 mostrou que 87 das 100 melhores escolas públicas brasileiras no Ensino Fundamental (nos anos iniciais) são cearenses.

A Uece oferece atualmente 91 cursos de iniciação presenciais e na modalidade de Educação à Distância (EaD), totalizando 17.822 alunos de graduação e 2.708 discentes de pós-graduação. Outra novidade é o curso de bacharel em Direito, criado em dezembro de 2022, com aprovação do Conselho Universitário (Consu/Uece). O projeto pedagógico do curso foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe/Uece), em junho de 2023, e está pronto para ser oferecido no vestibular 2024.1, com processo já iniciado. Serão 40 vagas para o curso de Direito, que serão oferecidas periodicamente e terão as aulas no período noturno.


 Integração com a rede de saúde 
Em relação à inovação, essa é a primeira vez na história que a Universidade disponibiliza cursos de bacharelado no Interior, incluindo os de Medicina. “Os cursos de Medicina da Uece, em Quixeramobim e Crateús, passarão a funcionar a partir de agosto de 2023. Quando fecharmos esse ciclo inicial de implantação, teremos, nas universidades estaduais, a maior oferta de formação pública da área médica do Ceará, com cerca de 120 novos estudantes ingressando por semestre. A Uece é a maior ofertante, considerando por unidade acadêmica, pois já temos o curso de Medicina em Fortaleza”, ressalta o reitor.

A ação está amparada na Lei Complementar nº 280/2022, de 18 de março de 2022, que define o Sistema Estadual de Integração e Cooperação Acadêmica Hospitalar (Sicah/CE). O Sistema agrega a Sesa, a Secitece, Uece, Uva, Urca, o Conselho Estadual de Saúde do Ceará (Cesau) e o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE).

A integração e cooperação permanente convergem para a união de esforços, recursos e estratégias que incentivam e aprimorem o ensino superior estadual e a pesquisa na área. Também permite a colaboração para a criação, a implementação e a manutenção de políticas públicas voltadas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde. Além disso, espera-se a otimização da organização e do funcionamento de serviços públicos.

Cabe à Uece, portanto, contribuir ainda mais na produção de conhecimento e formação de novos profissionais, buscando as pesquisas e os serviços de saúde. “Uma verdadeira rede de integração e cooperação que, além de aproximar a formação na área de saúde à atuação dos profissionais, alinha a inteligência produzida na universidade às demandas e necessidades da rede pública de saúde. Isso contribui para uma boa formação dos profissionais de saúde, também transforma as estruturas hospitalares em verdadeiras bases de produção científica, tecnológica e de inovação em saúde”, afirma o reitor.

A oferta de Medicina está alinhada a estratégias como a regionalização da saúde. Exemplo disso são os hospitais universitários já vinculados à instituição, como o Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim, e o Hospital Universitário da Uece, que está em fase final de construção dentro do Campus do Itaperi, em Fortaleza.
A área de formação e pesquisa dentro dessas estruturas será coordenada pela Uece. “Estamos trabalhando junto à Sesa para desenhar essa nova realidade do sistema de saúde do Ceará, vinculado ao conceito de hospitais universitários e cooperação entre universidade e rede pública de saúde, com participação da Secretaria de Ciência e Tecnologia”, explica Hidelbrando Soares.

De acordo com a professora e diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Uece, Samya Coutinho de Oliveira, esse olhar voltado para a melhoria da saúde é, nesse momento, essencial em que se busca estratégias para reorganizar o sistema de saúde e reparar os efeitos da pandemia da Covid-19. “Há algumas décadas, o Brasil quase não tinha hospitais de médio e grande portes no Interior. Eram hospitais de pequeno porte, que não atendiam demandas importantes. Hoje, já temos grandes hospitais regionais, que resolvem problemas de alta complexidade. Isso diminui o deslocamento das pessoas, a mortalidade e afluxo às emergências”, avalia.

A diretora destaca ainda os ganhos para os municípios. “A implantação do curso de Medicina, que tem um custo alto e necessidade de laboratórios, também tem a necessidade de que o aluno aprenda em algum lugar. Esse lugar é o Hospital Universitário, que está sendo criado nessas regiões, para funcionar como um sistema de ensino, pesquisa e serviço. Isso consegue fixar os profissionais nas regiões”, observa.

 
Sobre a estrutura regional, o Ceará conta, além do Hospital Regional do Sertão Central, o Hospital Regional Norte, em Sobral; o Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte; e o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte.

Com essa necessidade de equipes multidisciplinares, a professora Samya projeta aumento na oferta de mais cursos e vagas no Centro de Ciências da Saúde, que hoje conta com seis cursos: Enfermagem, Nutrição, Ciências Biológicas, Educação Física, Medicina e Terapia Ocupacional. “Dentro dessa lógica, é interesse nosso a ampliação de novos cursos, mas é preciso estudos e planejamento de acordo com a necessidade”, considera.

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