Apesar de o Partido dos Trabalhadores
caminhar para lançar candidatura de oposição à Prefeitura de Fortaleza, o
governador do Ceará, Camilo Santana (PT), adianta que perseguirá o
objetivo de estabelecer consenso entre a legenda a qual está filiado e o
PDT em torno de um projeto que possa gerir a Capital por mais quatro
anos. Seguindo a retórica de aliados, ele diz que, por enquanto, é cedo
para falar de nomes governistas ao Paço Municipal.
Questionado sobre a postura que deverá adotar em 2020
diante da própria situação política, a de petista pertencente ao grupo
dos irmãos Ciro e Cid Gomes, os dois do PDT, ele respondeu: "o que eu
puder fazer para manter essa parceria, construir um diálogo, sempre
focado, repito, não nas pessoas, mas focado num projeto de Estado,
Município, eu cumprirei essa missão."
Camilo foi reconduzido ao governo para segundo mandato
com quase 80% dos votos válidos e deverá ter ainda mais influência no
debate político visando as eleições do próximo ano. Apesar de falar em
união, ele também considera a existência dos limites, "como tudo na
vida", frisando que o "momento certo" para se discutir o processo
eleitoral em 2020 aparecerá.
"Eu já acredito que a partir dos primeiros meses de
2020 a gente vai iniciando esses debates, essas tratativas, até porque
tem prazos eleitorais, prazos legais que precisam ser cumpridos."
Presidente municipal do PT e possível candidato à Prefeitura, ao lado de Luizianne Lins, Guilherme Sampaio disse ao O POVO
no último domingo, 1º, que o capital político do governador será
solicitado, sem deixar de considerar a aliança a qual ele está inserido.
Afora a liderança exercida por Camilo, o pedetismo local tem nomes considerados viáveis a serem lançados na corrida.
Chefe da Casa Civil, que acompanhou Camilo ontem em visita à sede do O POVO,
Élcio Batista é um dos nomes cotados à disputa. Como ele, há Samuel
Dias, titular da Secretaria de Governo da Prefeitura de Fortaleza, o
presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto (PDT) e a secretária de
Meio Ambiente e Urbanismo, Águeda Muniz.
O Abolição também deverá acompanhar de perto o debate
na Assembleia. Formada por 39 governistas, a base do Governo é diversa e
repleta de adversários políticos nos municípios. O governador enfatiza
que há que se respeitar estas rivalidades e assegurar consensos tanto
quanto possível, sem citar em quais cidades isso será possível.
Em olhar retrospectivo, o governador afirma que 2019
foi um ano desafiador em função das duas crises de segurança pública nas
quais o Estado se viu submerso. A primeira onda de atentados, em
janeiro e fevereiro, contabilizou mais de 200 ataques. A segunda, em
setembro, durou dez dias. Indagado, ele não responde se considera este o
mais dificultoso dentre os cinco anos à frente do Palácio da Abolição.
"Acho que foi um ano desafiador, principalmente pelo
ponto que você colocou, que foi o enfrentamento à reação do crime
organizado por conta da intervenção no sistema prisional, mas os
resultados têm mostrado que estamos no caminho certo. Estamos
caminhando, não tenho dúvida, para ser modelo no sistema prisional, isso
tem tido reflexo importante na redução dos indicadores de violência",
disse o governador.
O petista ressaltou que, embora o partido dele faça
oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é necessário
transitar institucionalmente no Planalto. "Temos responsabilidades, eu
enquanto governador, ele enquanto presidente."
O Fórum de Governadores do Nordeste existiria mesmo que
o presidente fosse outro, já que a relação entre os nove chefes de
Executivos já estava se consolidando e a Região é historicamente
esquecida, sublinha Camilo. "Nos fortalece enquanto povo nordestino,
enquanto defensores da Região. Essa ação foi importante para dar
visibilidade ao Nordeste, dar força, nos unir", finalizou.
o povo