PGR investiga uso de verba pública e lucro de canais em atos antidemocráticos
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personBlog do Amaury Alencar
يونيو 23, 2020
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A PGR (Procuradoria-Geral da República) avança em duas linhas de
investigação no inquérito que apura a participação de bolsonaristas em
atos antidemocráticos. Foto: Reprodução/ CNN
Na primeira, relacionada ao financiamento de ataques a instituições
como STF (Supremo Tribunal Federal) e Congresso Nacional, a Procuradoria
apura se parlamentares usaram verba pública para patrocinar a produção
de conteúdo ofensivo e também dar suporte às manifestações. As suspeitas
foram reveladas pelo jornal O Globo e confirmadas pelas reportagem.
Em outra frente, a PGR suspeita que bolsonaristas responsáveis por
canais nas redes sociais lucraram mais de R$ 100 mil com a divulgação de
atos antidemocráticos.
Há indícios reunidos pela PGR de que os investigados disseminaram
“mensagens apelativas” em redes sociais em busca de dinheiro. Com isso,
podem ter lucrado mais de R$ 100 mil.
“A suspeita é que parlamentares, empresários e donos de sites
bolsonaristas atuam em conjunto e de forma orquestrada”, afirmou o
vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, no pedido de
diligências enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do
inquérito no STF.
Quatro deputados federais do PSL, todos da ala bolsonarista do
partido, estão no radar da PGR por repasses de valores à Inclutech,
empresa Inclutech Tecnologia da Informação.
A reportagem levantou que os quatro usaram a cota parlamentar a que
têm direito em razão do exercício da atividade legislativa para
transferir R$ 58,1 mil para a empresa neste ano.
A Inclutech tem como um dos sócios Sérgio Lima, marqueteiro do
Aliança do Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro está
montando. Na semana passada, a empresa foi alvo de um dos mandados de
busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal por determinação do
ministro Alexandre de Moraes.
Os deputados Aline Sleutjes (PR), Bia Kicis (DF), General Girão (RN) e
Guiga Peixoto (SP) apresentaram notas à Câmara para pedir o
ressarcimento de despesas a título de “divulgação da atividade
parlamentar”.
Os ressarcimentos englobaram o período de março a junho, meses que
coincidem com a escalada de ataques dos apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro ao STF e Congresso.
Os parlamentares negam que os repasses tenham relação com atos antidemocráticos. Ainda
de acordo com o inquérito, em outra linha de apuração, sites
bolsonaristas podem ter lucrado com a transmissão de atos que tiveram a
participação do presidente.
O vice-procurador-geral da República menciona no inquérito, segundo o
jornal O Globo, um relatório de empresa especializada em análises
estatísticas de páginas do YouTube, segundo os quais, por exemplo, a
Folha Política, site que diariamente publica vídeos em defesa do
governo, pode ter faturado entre US$ 6 mil e US$ 11 mil com a “live” do
presidente do dia 3 de maio em frente ao Palácio do Planalto.
Já o vídeo da participação de Bolsonaro no ato de 19 de abril, dia do
Exército, pode ter rendido, segundo a PGR, lucro US$ 7,55 mil e US$ 18
mil. A manifestação, em frente ao Quartel General do Exército, em
Brasília, pedia intervenção militar e o fechamento do Congresso e do STF
(Supremo Tribunal Federal). O inquérito aponta que, com a transmissão, o
canal “Foco do Brasil” teve 1,5 milhão de visualizações.