Cronista baiano lança álbum literário-musical com instrumentistas caririenses

Blog do  Amaury Alencar
Reunindo poesia e literatura, juntamente a sua experiência de ter morado na região do Cariri, o cronista, músico, roteirista e diretor audiovisual Bruno D’Almeida lança sua mais nova coletânea de músicas em um álbum inédito, reunido vários ritmos em colaboração com multi-instrumentistas caririenses. O trabalho intitulado “Histórias secretas da ausência”, já está disponível em todas as plataformas de stream musicais, e terá lançamento oficial no próximo dia 29 de abril.

 Cronista baiano lança álbum literário-musical com instrumentistas caririenses
 foto > Thiago Ferreira

Bruno é licenciado em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor há mais de vinte anos, poeta, e profissional roteirista na área de audiovisual. Venceu o Gramado CineVídeo em 2008 e o AruandaFest de Cinema Universitário no mesmo ano. Hoje morando em Fortaleza, mantinha em Juazeiro do Norte um conhecido estabelecimento multicultural chamado “Cinema&Poesia”, que propunha ser além de um restaurante, bar ou local de reunir amigos, também agrupar todo tipo de manifestação artística e visual, difundindo todos os formatos da cultura e resistência como proposta para quem o frequentasse.

No final de 2019 lançou o single “Perdi minha família para estupidez”, um blues bem-humorado que trata das brigas de famílias por causa da política, principalmente após as últimas eleições presidenciais. Gravado junto com as músicas de “Histórias secretas da ausência”, a faixa ganhou vida própria, segundo conta Bruno. “Achei importante fazer um single antes para aprender a burocracia de registro musical no Ecad, lançar nas plataformas e promover uma campanha de lançamento”, conta.
Gravado em outubro do mesmo ano, no Estúdio Casa de Pedra, em Juazeiro do Norte,  a produção do álbum contou com os multi-instrumentistas Dudé Casado e Ranier Oliveira.

“Bruno chegou aqui no estúdio com brilho nos olhos, um calhamaço de poemas e crônicas, querendo transformar em música, com sugestões de melodias. Achei a proposta incrível e topei na hora. Marcamos de gravar na semana seguinte, e ficamos eu, Bruno e Ranier em um processo de imersão de três dias, de manhã cedo até a madrugada trancados no estúdio, só parávamos para as refeições”, explica Dudé, que é cantor, guitarrista, arranjador e produtor musical no Cariri.

O músico Ranier Oliveira completou o projeto e gravou quase todos os instrumentos restantes: bateria, baixo, sanfona, piano, teclado e triângulo. Sanfoneiro reconhecido, rodou o Brasil em vários projetos musicais acompanhando Hermeto Pascoal. “Foi uma grande prazer sentir o que os textos queriam dizer e criar os arranjos. As letras têm amor, protesto e bom humor. Passeamos pelo baião, maracatu, rock, reggae, blues, jazz e MPB. Tem uma música de separação que Bruno queria gravar como samba, mas eu e Dudé sugerimos um bregão estilo Odair José. Bruno topou e ainda colocou um poema incidental de Fernando Pessoa. Gostei demais do resultado”, revela Ranier.

Tanto o single quanto o novo álbum foram realizados pela produtora Cinema&Poesia, com produção executiva de Juliana Coelho, sócia e companheira de Bruno. Juliana fala sobre as dificuldades de realizar projetos de estrutura profissional com baixíssimo orçamento. “Juntamos o dinheiro que recebemos das apresentações realizadas por Bruno com os espetáculos do Melopoesia e as de O rato comeu meu livro para investir na gravação do álbum em estúdio profissional, ele ter aulas de canto, contratação de músicos e alguma publicidade. Fizemos muitas coisas por conta própria e contamos com a colaboração de vários amigos”, completa a companheira do músico.

Apresentações para lançamento do álbum também estavam programadas para ocorrer, mas devido o contexto pandêmico do novo coronavírus, todas foram adiadas. “Fui credenciado para seis projetos no novo edital do Sesc do Ceará, já tinha agenda de shows, mas agora precisamos estar em casa. Quero produzir lives no meu Instagram e acredito que vão rolar outras apresentações, videoclipes e até uma versão do álbum em songbook quando passar esta pandemia. Este é um projeto que nasceu transmídia, tem diversas interfaces artísticas”, adiante Bruno.

badalo