Eleições 2022: Joaquim Barbosa e Danilo Gentili são procurados por grupos de presidenciáveis para ampliar esforço por 3ª via

Blog do  Amaury Alencar
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Em esforço para ampliar o movimento que busca uma terceira via na eleição para o Planalto em 2022, presidenciáveis que assinaram o manifesto em defesa da democracia intensificaram nos últimos dias conversas paralelas para tentar atrair novos apoios para a causa.

(Foto: Montagem / Internet)

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (PSB), a ex-ministra Marina Silva (Rede) e o apresentador Danilo Gentili (sem partido) entraram no radar de integrantes do grupo, que tenta evitar a polarização entre Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT).

Os seis pré-candidatos que lançaram em março o Manifesto pela Consciência Democrática -Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido)- têm agido mais individualmente do que em conjunto. Como o jornal Folha de S.Paulo publicou no dia 10, rusgas do passado, divergências ideológicas e partidárias e guerras de vaidades são entraves para alianças. Ainda que a união tenha se dado inicialmente em torno do documento, a aproximação foi vista como embrião de um entendimento no plano eleitoral.

Os próprios membros admitem a dificuldade de obter consenso, mas têm minimizado as diferenças em prol da unidade possível. A avaliação é a de que um pacto de não agressão no primeiro turno e o compromisso de apoio a um nome comum em um eventual segundo turno já consistiriam em avanços significativos dentro do propósito de construir uma alternativa fora dos polos. No espírito de somar forças, a ideia de procurar Barbosa e Marina surgiu no entorno de Huck. Interlocutores do apresentador revelaram em conversas nos bastidores a intenção de aproximar os dois do chamado Polo Democrático, nome do grupo de WhatsApp do sexteto.

Assessores de ambos disseram à reportagem que eles não foram sondados diretamente.

Barbosa, embora esteja filiado ao PSB desde 2018, quando ensaiou uma candidatura à Presidência, permanece afastado da vida partidária. Do Rio de Janeiro, onde mora, o ex-ministro -célebre pela atuação no processo do mensalão- acompanha com discrição as discussões sobre 2022. Seu nome tem sido cada vez menos citado como uma possibilidade dentro do PSB, sobretudo depois da decisão do STF que devolveu a Lula o direito de concorrer. A legenda ainda discute seus rumos, mas é cortejada por siglas como PT e PDT para alianças e não descarta lançar candidato próprio.

Marina também é vista como uma líder com posições convergentes com a do grupo. A ex-senadora e ex-presidenciável, assim como Barbosa, já teve encontros com Huck no passado e, de 2019 para cá, mantém proximidade com Ciro, um dos postulantes que ela e sua legenda poderiam apoiar. Na visão da fundadora da Rede, porém, qualquer discussão deve se dar com base em programa de governo, não em nomes. Marina ficou aborrecida com a contratação do marqueteiro João Santana pelo PDT, que foi anunciada na quinta-feira (22) e representa um revés na relação dela com Ciro.

A ex-senadora guarda mágoas do trabalho que o publicitário fez para o PT em 2014, quando ela enfrentava a então candidata Dilma Rousseff. Marina atribuiu aos ataques duros dos petistas seu derretimento na ocasião. Um dos anúncios sugeria que, se ela vencesse, a comida sumiria da mesa das famílias. Segundo assessores que estavam naquela campanha de Marina, o envolvimento de Santana com Ciro tem potencial para afastá-la do pedetista. A ex-presidenciável divulgou uma nota em que criticou a contratação e disse que “jamais cometeria a incoerência de aceitar trabalhar” com o marqueteiro.

“Não tenho como responder por Ciro nem pelo PDT. Apenas eles podem falar por suas escolhas e seus motivos. Quanto a mim, desde 2014 venho repetindo que uma campanha política tem que ser baseada no debate aprofundado de programas para o Brasil. O marketing jamais deveria se sobrepor a isso”, afirmou.

Ela disse que Santana “representa a antítese do debate” e o associou à “política vista como um produto a ser vendido a qualquer custo e sem limite ético”. Pregou ainda uma revisão dos modelos de campanha: “Ou mudamos o foco ou continuaremos a ser engolidos pelo reinado das fake news e do vale tudo”.

Tanto Barbosa quanto Marina, nas palavras de um político que está envolvido nas discussões do chamado Polo Democrático, responderiam à necessidade de “adensar a articulação”​. Huck, embora atuante nos bastidores, não é filiado a partido e evita se colocar como presidenciável. Em outra frente, Amoêdo fez contato com Gentili, comediante e apresentador do SBT que vem sendo incentivado pelo MBL (Movimento Brasil Livre) a disputar a Presidência depois que pesquisas de intenção de voto mostraram um desempenho satisfatório dele, sobretudo entre jovens.

O ex-presidenciável do Novo diz que o humorista “tem vontade de participar para melhorar o processo”, mas não se sabe ainda “o nível de envolvimento” que ele está disposto a apresentar -se apenas como apoiador de uma chapa ou como candidato propriamente dito.

“Ele está aí. Meio que se colocou. Em um primeiro momento, mais pela insatisfação dele com as opções para 2022. Existe um alinhamento de ideias e objetivos [do grupo de presidenciáveis do manifesto com Gentili]. Precisamos construir um polo viável”, diz Amoêdo à reportagem.

Procurado, o apresentador não respondeu. Ele, que há anos é detrator do PT e se tornou também um crítico de Bolsonaro, já disse que não descarta a possibilidade de concorrer. Segundo o ex-presidenciável, Gentili “tem a disposição de, como pessoa física, se engajar” na busca de alternativas e valoriza a busca de alternativas à dicotomia Lula-Bolsonaro. Uma filiação do apresentador ao Novo, de acordo com Amoêdo, não foi discutida.

O ex-juiz Sergio Moro declarou publicamente se entusiasmar com a “hipótese Gentili”. Moro, que também é cotado para disputar a Presidência, foi convidado a assinar o manifesto pró-democracia, mas declinou alegando razões contratuais com a consultoria Alvarez & Marsal, para a qual trabalha. O ex-magistrado da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro escreveu, em sua coluna na revista Crusoé, que o apresentador teria seu voto se fosse candidato. Moro é interlocutor frequente de Amoêdo e Mandetta desde antes da organização do documento.
Divulgado em 31 de março, data em que o golpe que instaurou a ditadura militar (1964-1985) no Brasil completou 57 anos, o Manifesto pela Consciência Democrática afirmou, em recado para Bolsonaro, que a democracia no país está ameaçada e conclamou uma união de forças para defendê-la.

Nos últimos dias, outros ensaios de candidatura ganharam espaço no universo político. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) passou a ser citado como uma figura que poderia ajudar a construir consensos, a começar por seu próprio partido, que abriga hoje dois dos presidenciáveis do manifesto.

Diante do impasse entre Eduardo Leite e João Doria, governadores do PSDB que devem disputar as prévias na legenda, grupos tucanos ventilaram a aposta no veterano e lhe deram até o apelido de Biden do Brasil, em alusão à imagem de conciliador do presidente dos EUA, Joe Biden.

Tasso admitiu no fim de semana a possibilidade de participar das prévias. Ele disse ao jornal O Estado de S. Paulo ver a articulação do manifesto como um primeiro passo rumo a um entrosamento. “Eu posso ajudar, acho até que tenho uma facilidade de diálogo. Isso não indica que seja eu o candidato.” Tasso e Leite, que possuem alinhamento, tiveram conversas privadas com Huck nos últimos dias.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) também teve o nome citado em conversas, embora a proposta não inspire muita confiança. Com as especulações, o emedebista brincou em uma rede social no mês passado que a única candidatura a que se dispunha era à aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19. “Recebi a notícia de que amigos lançaram a minha candidatura. Fico lisonjeado, porque é um reconhecimento ao meu governo”, disse. Aliados de Temer também têm feito a comparação com Biden.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vem sendo estimulado por líderes de partidos de centro a disputar o Planalto em 2022. Embora o senador negue a intenção, a cúpula do DEM e líderes de partidos como o PSD o enxergam como potencial candidato.

Fonte: Folhapress

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