11% dos casos de coronavírus entre padres no Brasil estão no Ceará

Blog do  Amaury Alencar

A Igreja Católica também foi um dos setores afetados pela pandemia do coronavírus. No Ceará, além da suspensão de atividades presenciais, como missas e celebrações, 41 padres tiveram Covid-19, segundo estatísticas do Conselho Nacional de Presbíteros (CNP), contabilizadas até 19 de julho e divulgadas nesta semana.
11% dos casos de coronavírus entre padres no Brasil estão no Ceará
 Foto > Reprodução / Facebook 
Ao todo, 37 padres receberam diagnóstico positivo e quatro faleceram em decorrência da doença. O número representa 11% dos 368 padres infectados pela doença em todo o Brasil.
Somente em Fortaleza, estão concentradas 21 ocorrências e três mortes, segundo o CNP. Contudo, dados mais atualizados da Arquidiocese de Fortaleza, de abril a 29 de julho, contabilizaram cinco óbitos de sacerdotes causados pela Covid-19. Durante o mesmo período, outras cinco mortes foram ocasionadas por enfermidades distintas, como insuficiência cardíaca ou renal, e câncer.
Ao todo, oito cidades cearenses apresentaram padres confirmados com o novo coronavírus. No interior, Sobral é o município com a maior quantidade de padres contaminados, com seis casos. O relatório do Conselho também apresenta Crato e Iguatu, ambos com quatro ocorrências, e Limoeiro do Norte, com duas. As cidades de Tianguá, Quixadá, Itapipoca contabilizam um caso, cada uma.
O padre Fernando Antônio, responsável pela Paróquia São Francisco das Chagas, em Maracanaú, conta que começou a sentir os sintomas da doença em maio. “Eu inicialmente achei que fosse uma crise alérgica. Depois, comecei a desenvolver uma febre e tosse seca. Achei que as dores no corpo fossem por causa das atividades do dia. Não tive perda de paladar nem de olfato, e também não tive perda de oxigênio”, relata.
O sacerdote recebeu a confirmação de que era Covid-19 depois que saiu do isolamento, que durou quase um mês, mais precisamente no dia 28 de maio. O exame de sorologia detectou que Fernando teve contato com o vírus e estava imune.
Já o bispo de Crateús, Dom Ailton Menegussi – um dos nove bispos acometidos pela doença no Brasil -, também recebeu o diagnóstico positivo, mas relembra que não manifestou sintomas. “Eu fui assintomático. Senti um mal-estar e foi pensado que era outra coisa, mas o pessoal achou por bem que eu fizesse o exame”, diz.
Uma das vítimas fatais no Estado foi o monsenhor Eusébio de Oliveira Lima, um dos membros mais idosos da Diocese do Crato. O sacerdote faleceu no dia 1º de julho, aos 91 anos, em Barbalha, onde estava internado. Natural de Limoeiro do Norte, ele exerceu atividades religiosas ao longo de 66 anos.
De volta às atividades presenciais
Segundo o padre Fernando Antônio, as igrejas católicas ainda não têm previsão para o retorno de atividades presenciais como eram antes, mas algumas práticas serão retomadas em breve. “Vamos seguir um protocolo de atendimento pastoral e confissões que estarão voltando a partir do mês de agosto. Em geral, no segundo semestre. E claro, com todo os cuidados”, explica.
Em Crateús, a programação segue virtualmente durantes os próximos dias, com a mesma possibilidade de retorno. “Desde o dia 19 de março, estamos celebrando apenas por redes sociais, sem a presença do povo, apenas com a equipe que faz a transmissão. A previsão é que a gente comece a partir do dia 16 de agosto a voltar a ter celebrações presenciais”, relata o bispo da Diocese.
Sobre a saudade dos fiéis, Dom Ailton Menegussi explica que eles adotaram uma posição de compreensão porque “os números em Crateús foram assustadores”. Em relação às ações realizadas de forma on-line, o padre Fernando Antônio destaca as adversidades que alguns católicos enfrentam. “Eles sempre comentam que sentem saudade. Era tudo muito possível, e hoje estão tendo que lidar com smartphone, por exemplo, e têm certa dificuldade”, afirma.
Fonte: G1 CE