Entre 2010 e 2017, o Sistema Único de Saúde
(SUS) registrou 7.440 episódios de violência física contra mulheres.
Somente em 2017, último ano com dados disponíveis, foram 1.726 casos. E,
da parcela de agressores identificados, eram os companheiros os
principais algozes. Em 28,5% as vítimas foram feridas pelos
companheiros, contra 16,6% de desconhecidos e 28,5% de casos não
especificados.
 Esses são alguns dos dados disponíveis na plataforma
Eva (Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e
meninas), um compilado inédito de estatísticas feito pelo Instituto
Igarapé, think tank sediada no Rio de Janeiro que se dedica a temas da
área de segurança pública. O lançamento do site ocorreu ontem, em alusão
ao Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres.
Com base em estatísticas das secretarias de segurança e
do SUS, o site elenca dados relativos à violência física, patrimonial,
psicológica, moral e sexual contra mulheres de três países: Brasil,
México e Colômbia. Os países foram escolhidos por, juntos, somarem 65%
dos assassinatos de mulheres na América Latina. As informações estão
disponíveis para consulta pública e serão atualizadas periodicamente.
Além de estatísticas, o site compila leis relacionadas aos direitos de
mulheres nos países estudados, assim como faz um mapeamento de
iniciativas de enfrentamento à violência de gênero.
De acordo com Carolina Taboada, pesquisadora do
Instituto, um dos intuitos da iniciativa é proporcionar dados de
qualidade que permitam o desenho de políticas públicas eficientes.
Entendendo a dinâmica da violência contra as mulheres se é capaz de uma
política de prevenção mais efetiva, diz, mencionando a importância de
identificar os grupos sociais mais vulneráveis. "O papel do poder
público não é só responder a uma violência. É muito importante que o
poder público aja na prevenção". Por isso, ela lamenta a ausência e
falta de unificação de dados. A pesquisadora cita, por exemplo, que o
Ceará não enviou dados em nível municipal.
Em 2017, 38,9% das mulheres agredidas no Brasil tinham
entre 15 e 29 anos, sendo que 56,3% haviam sido lesionadas por força
corporal. Em 2017, 28,1% das mortes de mulheres ocorreram em casa. Do
total de vítimas de homicídios naquele ano, 60,1% foram classificadas
como pardas. O Instituto Igarapé ressalta que, à exceção de homicídios,
mulheres representam as principais vítimas de todos os tipos de
violência.
Carolina destaca ainda a importância do debate sobre a
violência contra a mulher para proporcionar um ambiente mais acolhedor a
vítimas. "A mulher precisa sentir que, se ela fizer uma denúncia, vai
estar mais protegida, não mais exposta", afirma.
O Povo