O julgamento do pedido de habeas corpus para
tentar a soltura do piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais, 32, que
estava marcado para o início da tarde desta quarta-feira, 11, voltou a
ser adiado. É a segunda semana seguida que a pauta é retirada de mesa
- no jargão da Corte -, mas desta vez sem nova data agendada. Isto
porque o desembargador Francisco Martônio Pontes de Vasconcelos deixou a
relatoria do processo, na 2ª Câmara Criminal. Não foi informado o
motivo.
Felipe é um dos dez acusados de participação
nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue) e
Fabiano Alves de Souza (Paca), líderes da facção criminosa PCC.
Ele conduziu a aeronave com o grupo de criminosos que matou os dois
chefes da organização.
Gegê
e Paca foram executados na área de uma aldeia indígena em Aquiraz, na
Região Metropolitana de Fortaleza, em fevereiro do ano passado. A
ordem para matá-los teria sido ordenada porque ambos teriam desviado
dinheiro da facção. Gegê e Paca estavam residindo num condomínio de luxo
em Aquiraz.
Felipe foi preso em Caldas Novas, em Goiás, três meses
após o crime. Em depoimentos, ele negou ter feito parte do plano. Desde o
segundo semestre de 2018 está encarcerado na Penitenciária Federal de
Campo Grande (MS).
Na semana passada, a assessoria do TJCE informou que o
desembargador não compareceu à sessão por problemas de saúde. Não foi
confirmado se este foi o mesmo motivo do afastamento da relatoria. Hoje
pela manhã, em nota, o Tribunal informou que o habeas corpus do piloto
"será redistribuído para outro desembargador integrante da 2ª Câmara
Criminal. Após isso, o recurso deverá ser colocado em pauta em uma das
sessões do colegiado".
Audiência em Aquiraz por videoconferência
Na
manhã desta quarta-feira, no Fórum de Aquiraz, está sendo realizada
audiência do processo criminal que tramita na 1ª Instância. O piloto
está participando por videoconferência, direto do Mato Grosso do Sul.
Apenas três dos dez réus estão presos. Os outros dois são Jefte Ferreira
Santos e Carlenilto Pereira Maltas, o "Ceará".
Jefte foi preso em janeiro deste ano, no litoral
paulista. Ele teria participado da trama organizando a hospedagem para
os criminosos. Carlenilto foi capturado em abril deste ano, em Aracaju.
Entre os réus foragidos estão Maria Jussara da
Conceição Ferreira Santos (mãe de Jefte), Erick Machado Santos (Neguinho
Rick da Baixada) e André Luis da Costa Lopes (Andrezinho da Baixada) -
que chegou a se apresentar em outubro passado, mas foi liberado por
conta da lei eleitoral e voltou a fugir.
Também são procurados Tiago Lourenço de Sá de Lima
(Tiririca, também cearense), Ronaldo Pereira Costa e Renato Oliveira
Mota (foragido).
Defesa diz que piloto fez acordo; MPCE nega
Os advogados Diogo Melo Pena e Mariza
Almeida Ramos Morais (mãe do piloto) afirmam que Ramos tem cooperado com
as investigações desde que foi preso.
Ramos teria repassado informações importantes ao caso -
como a localização da aeronave, armas e descrito a dinâmica do crime. O
acordo de delação premiada teria sido confirmado, segundo o recurso dos
advogados apresentado no Tribunal. Mesmo assim, aponta a defesa, ele
não teria recebido os benefícios acertados com o Ministério Público
Estadual.
Em nota, o MPCE informou "que não efetivou nenhum
acordo de colaboração premiada homologada pela Justiça com o piloto
Felipe Ramos Morais". "E que a não inclusão dele na 1ª denúncia
apresentada pelo MPCE sobre o caso não tem relação com a suposta
negociação de delação premiada", finalizou a nota.
O POVO