Um
dos estudos mais recentes da Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme) indica que o Ceará possui áreas de 20
municípios com alto risco de incêndios florestais. O projeto foi
financiado pelo Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Estado do Ceará
(FDID), tendo sido iniciado em 2017 e concluído neste ano.
De acordo
com o pesquisador Manuel Rodrigues de Freitas Filho, coordenador do
projeto e supervisor do Núcleo de Estudos Básicos da Funceme, o estudo
levou em consideração mapeamentos temáticos do estado realizados pela
Funceme, tais como: cobertura vegetal natural, uso e ocupação da terra,
unidades de paisagem, pluviometria média anual e índice de vegetação.
Os
municípios com maiores riscos de incêndios estão na Região dos Inhamuns.
Independência e Tauá lideram a lista, que contém ainda, Aiuaba,
Parambu, Acopiara, Campos Sales, Boa Viagem, dentre outros.
Na
primeira semana de agosto, pelo menos 3 grandes incêndios ocorreram nos
distritos de Inhamuns e Marruás, na zona rural de Tauá, consumindo
centenas de hectares de vegetação.
Veja mais
“Com uso
de técnicas de geoprocessamento, estes mapeamentos passaram por um
processo de integração, resultando no mapa que indica as áreas mais
vulneráveis à ocorrência de incêndios florestais”, explica Rodrigues.
As áreas
com maiores riscos estão situadas predominantemente nas regiões do médio
Jaguaribe, Inhamuns e Centro-Norte do estado. Nestes locais, onde é
comum a prática agropecuária, a pluviometria média anual varia entre 700
e 800 milímetros, o que colabora para o índice de vegetação
extremamente seco.
“As áreas
classificadas com os maiores riscos de ocorrência de incêndios
florestais no Ceará são as que foram registradas os menores índices de
chuva e que, ao mesmo tempo, são ocupadas pela vegetação natural de
caatinga, a qual tende a ficar em uma condição muito seca no decorrer do
segundo semestre”, reforça o pesquisador da Funceme.
O
mapeamento das áreas de riscos de incêndios florestais do Ceará é uma
importante ferramenta para o orientar o estabelecimento de estratégias
de prevenção, monitoramento, controle de queimadas e combate aos
incêndios florestais e, principalmente, subsidiar as políticas de
autorizações de fogo controlado.
Com a
redução comum das chuvas no segundo semestre, as queimadas costumam
atingir níveis máximos. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), o período entre setembro e outubro registra os picos
médios de focos de queimadas. Em 2019, já foram registrados 216 focos no
Ceará.
No Brasil, o atual ranking negativo é liderado pelos estados do Mato Grosso e Pará com, respectivamente, 11.490 e 5.693 focos.
Segundo o
meteorologista da Funceme Raul Fritz, as condições secas de solo e de
vegetação, as baixas umidades relativas do ar, além das temperaturas
altas e ventos frequentemente mais intensos no segundo semestre do ano
costuma facilitar o aumento do número de queimadas nesta época.
Neste
período, é comum que tais focos tomem proporções maiores e evoluam para
incêndio. Fritz explica ainda que muitas vezes, os incêndios florestais
podem ser causados por agricultores que começam a preparar a terra para o
plantio aguardando a chegada das primeiras chuvas da pré-estação, que
começa em dezembro.
Crime
De acordo
com o Artigo 250 do Código Penal, queimar qualquer coisa em ambiente
aberto é considerado crime, além de causar problemas à saúde e uma
poluição absurda. O Código Penal nomeia crimes como as queimadas de
“crimes contra a incolumidade pública” com possibilidade de reclusão de
três a seis anos, além de multa.
Site: Funceme